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Eu fiz esse :
Um pouco sobre o universo dos livros.
Sang Tan/Associated Press | ||
Exemplar de "Utopia" que integra exposição sobre ficção científica "Out of This World" Fonte : http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/917972-exemplar-de-1561-escrito-por-thomas-more-e-exibido-em-londres.shtml |
Aforismos "A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre." "A finalidade da arte é, simplesmente, criar um estudo da alma." "A forma de governo mais adequada ao artista é ausência de governo. Autoridade sobre ele e sua arte é algo ridículo." "A história da mulher é a história da pior tirania que o mundo conheceu: a tirania do mais fraco sobre o mais forte." "Experiência é o nome que nós damos aos nossos próprios erros." "Quando eu era jovem, pensava que o dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje, tenho certeza." "Meus gostos são simples: prefiro o melhor de tudo." "A diferença entre a empolgação e o amor eterno é que a empolgação dura mais." "Não pode haver amizade entre homem e mulher. Pode haver paixão, hostilidade, adoração, amor, mas não amizade." "Desconfiem de mulher que confessa a sua verdadeira idade. Uma mulher que diz isto poderá dizer qualquer coisa." "A verdade jamais é pura e raramente é simples." "Um homem deve dar toda importância a escolha de seus inimigos: eu não tenho um só que não seja idiota." "O maior castigo que o destino aplica ao homem casado é ver que sua mulher sempre acaba por se parecer com sua sogra." "Se um homem encara a vida de um ponto de vista artístico, seu cérebro passa a ser seu coração." "A alma nasce velha e se torna jovem. Eis a comédia da vida. O corpo nasce jovem e se torna velho. Eis a tragédia da alma." "É absurdo dividir as pessoas em boas e más. As pessoas ou são encantadoras ou são aborrecidas." "O egoísmo não consiste em vivermos conforme os nossos desejos, mas sim em exigirmos que os outros vivam da forma que nós gostaríamos. O altruísmo consiste em deixarmos todo o mundo viver do jeito que bem quiser." "A melhor maneira de começar uma amizade é com uma boa gargalhada. De terminar com ela, também." "Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe." |
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Lord Alfred DouglasApesar de ter tentado voltar a viver com Wilde após este ter saído da prisão, por pressão das das famílias e amigos de ambos, os dois tornaram a romper o relacionamento. Apesar de ter ganhado notoriedade se aproveitando das imagens dos dois após a morte do dramaturgo, após alguns anos Alfred Douglas se casou e tornou-se um católico fervoroso, a ponto de lamentar seu envolvimento com Wilde e afirmar que ele havia sido a pior força diabólica a aparecer na Europa em trezentos e cinquenta anos. Douglas também ficou conhecido pela quantidade assombrosa de disputas judiciais nas quais se meteu ao longo da vida. Morreu em decorrência de complicações cardíacas em 1945. | ||
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"Nenhum
homem que tenha vivido conhece mais sobre a vida depois da morte que eu ou você. Toda religião simplesmente desenvolveu-se com base no medo, ganância, imaginação e poesia." Edgar Allan Poe
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UM HOMEM SÓ VIVE NA MEDIDA EM QUE É CÉLEBRE SOU JOV EM; E, SE, O AMOR DO BELO PODE TORNAR-NOS POETAS, EU SOU-O, TAL COMO DESEJAVA SÊ-LO A TODO O CUSTO. I Sou espantosamente preguiçoso o maravilhosamente ativo, mas a espaços. Há períodos em que toda a atividade intelectual constitui para mim uma tortura e em que só me satisfaz a comunhão solitária com as montanhas e os bosques, os ídolos de Byron . Perco assim meses inteiros a vagabundear, a sonhar, para afinal mergulhar numa espécie de atividade frenética. Então garatujo no papel todo o dia e leio toda a noite, enquanto dura esta faina. Não sou ambicioso, salvo de uma forma negativa. Mas de longe em longe me toma o brusco desejo de bater nalgum imbecil somente porque me repugna deixar crer a esse imbecil que pode bater-me. Tenho profunda consciência de uma verdade, da qual toda a gente se limita a falar - a verdade da vida temporal. Passo a minha vida a sonhar com o futuro. Não creio na natureza perfectível do homem. Nem penso que o trabalho humano possa beneficiar a humanidade de forma apreciável. Presentemente, o homem é mais ativo, mas não é nem mais feliz nem mais sagaz que há seis mil anos. Você pediu-me "um memorial sobre a minha vida". Porém, depois do que eu já escrevi creio que estará persuadido de que nada mais tenho para lhe expor. Tenho plena consciência do caráter evanescente das coisas temporais para ligar importância seja a que for para ser lógico em qualquer ocasião. A minha vida tem sido apenas capricho, ilusão, arrebatamento, desejo de solidão, desdém do presente e sede do futuro...
(Anotações de 1827)
II Escrevo por imperativo mental, para satisfazer o meu gosto e o meu amor pela Arte. A glória não exerce em mim a menor influência determinante. Como poderia eu preocupar-me com o juízo de uma multidão se desprezo cada um dos indivíduos que a constituem?
(Autobiografia Espiritual, 1844)
III Disse-lhe na última vez que nos vimos que desprezava a glória. Menti-lhe. Amo a glória. Estou pensando nela, idolatro-a. Esgotaria até ao último alento essa divina embriaguez. Desejaria que o incenso se evolasse em minha honra de cada colina e de cada aldeia, de cada cidade e de todas as cidades em conjunto da Terra. Glória, celebridade, é o sopro vivificante, o sangue que alimenta. Um homem só vive na medida em que é celebre. Quão cruelmente menti à minha natureza e às minhas aspirações ao afirmar que não desejava a glória e, ainda mais, que a desprezava.
(Conversações com Ingram, s/d)
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"...Nos contos de Poe, frequentemente, a realidade não é real, passo o oxímoro, mas metafórica. Um dos sistemas estratégicos de Poe para criar suspense foi a dúvida. Será a ressurreição de Ligeia uma fantasia do marido narrador sob o efeito de alucinógenos? Ou, pelo contrário, tratarse- á de um verdadeiro e ectoplasmático regresso? Em qualquer caso, a consciência atormentada parece ser o castigo designado."
João de Mancelos, professor universitário e crítico literário
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Confissão de Alan Poe Cometi apenas um erro. Não soube ser feliz. Nunca: nem um só dia, nem sequer uma hora. A própria criação, um prazer para os poetas mais sensíveis, foi para mim sempre mais angustiante que redentora. A causa primeira do meu infortúnio conheço-a agora. Tive sempre medo da vida. De uma sensibilidade exacerbada e doentia desde a mais tenra infância, atormentada e mortificada até a exaustão pelo infortúnio e pela miséria, a vida banal, as realidades quotidianas constituíam para mim uma fonte constante de terror. Tinha a impressão de viver continuamente suspenso no limite de dois reinos - ser uma criança semimorta unida em laço misterioso a um espectro nostálgico. A criança tinha medo da treva; o espectro da luz. Uma e outro aspiravam à morte e, simultaneamente, receavamna. A vida era para mim aborrecimento, alucinação, condenação. Cada vez que eu tentava reconciliar-me com ela saía maltratado, repelido. Fazia-me o efeito de um anjo que pretendesse participar num banquete de monstros. O próprio amor não logrou salvar-me porque a mulher é uma das mais perfeitas encarnações da vida, e eu tinha da vida um indizível terror. Todas as mulheres que julguei amar ou fugiram de mim, ou estão mortas. Uma vez mortas, e só então, elas pareciam realmente minhas amantes na eternidade, as únicas que poderiam amar um homem segregado da vida. Para escapar às minhas visões terrificantes, aos meus pesadelos, às tentações de minha razão delirante, um gênio forçava-me a escrever, senhor mais titânico e exigente que um demônio. Escrevi, pois, toda a minha vida poemas, narrativas, contos, tratados, ensaios. Porém, mal experimentava a ilusão de pela poesia ter exorcizado a perseguição dos meus pavores, logo outras alucinações, outros pesadelos, outras bizarrias macabras e fúnebres assaltavam sem trégua a minha pobre alma acabrunhada. Então, como última esperança do meu desespero, buscava socorro no álcool, que, aliás, abominava." |
E me vi de tristezas referto, como a folhagem seca que morria, a folhagem fanada que morria! E exclamei: "Era outubro, decerto, e era esta mesma, há um ano, a noite fria em que vim, a chorar, aqui perto, fardo horrível trazendo, aqui perto! Trecho do poema Ulalume |
O Corvo, com tradução de Machado de Assis | ||
Em certo dia, à hora Da meia-noite que apavora, Eu, caindo de sono e exausto de fadiga, Ao pé de muita lauda antiga, De uma velha doutrina agora morta, Ia pensando, quando ouvi à porta Do meu quarto um soar devagarinho, E disse estas palavras tais: "É alguém que me bate à porta de mansinho; Há de ser isso e nada mais". Ah! bem me lembro! bem me lembro! Era no glacial dezembro; Cada brasa do lar sobre o colchão refletia A sua última agonia. Eu ansioso pelo Sol, buscava Sacar daqueles livros que estudava Repouso (em vão!) à dor esmagadora Destas saudades imortais Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora, E que ninguém chamará mais. E o rumor triste, vago, brando Das cortinas ia acordando Dentro em meu coração um rumor não sabido, Nunca por ele padecido. Enfim, por aplacá-lo aqui, no peito, Levantei-me de pronto, e "Com efeito, (Disse), é visita amiga e retardada "Que bate a estas horas tais. "É visita que pede à minha porta entrada: "Há de ser isso e nada mais". Minh'alma então sentiu-se forte; Não mais vacilo, e desta sorte Falo: "Imploro de vós - ou senhor ou senhora, Me desculpeis tanta demora. "Mas como eu, precisando de descanso "Já cochilava, e tão de manso e manso, "Batestes, não fui logo, prestemente, "Certificar-me que aí estais". Disse; a porta escancar, acho a noite somente, somente a noite, e nada mais. Com longo olhar escruto a sombra Que me amedronta, que me assombra. E sonho o que nenhum mortal há já sonhado, Mas o silêncio amplo e calado, Calado fica; a quietação quieta; Só tu, palavra única e dileta, Lenora, tu, com um suspiro escasso, Da minha triste boca sais; E o eco, que te ouviu, murmurou-te no espaço; Foi isso apenas, nada mais. Entro co'a alma incendiada. Logo depois outra pancada Soa um pouco mais forte; eu, voltando-me a ela: "Seguramente, há na janela Älguma coisa que sussurra. Abramos, "Eia, fora o temor, eia, vejamos "A explicação do caso misterioso Dessas duas pancadas tais, "Devolvamos a paz ao coração medroso, "Obra do vento, e nada mais". Abro a janela, e de repente, Vejo tumultuosamente | Um nobre corvo entrar, digno de antigos dias. Não despendeu em cortesias Um minuto, um instante. Tinha o aspecto de um lord ou de uma lady. E pronto e reto, Movendo no ar as suas negras alas, Acima voa dos portais, Trepa, no alto da porta em um busto de Palas: Trepado fica, e nada mais. Diante da ave feia e escura, Naquela rígida postura, Com o gosto severo, - o triste pensamento Sorriu-me ali por um momento, E eu disse: "Ó tu que das noturnas plagas "Vens, embora a cabeça nua tragas, "Sem topete, não és ave medrosa, "Dize os teus nomes senhoriais; "Como te chamas tu na grande noite umbrosa?" E o corvo disse: "Nunca mais". Vendo que o pássaro entendia A pergunta que eu lhe fazia, Fico atônito, embora a resposta que dera Dificilmente lha entendera. Na verdade, jamais homem há visto Coisa na terra semelhante a isto: Uma ave negra, friamente posta Num busto, acima dos portais, Ouvir uma pergunta a dizer em resposta Que este é seu nome: "Nunca mais". No entanto, o corvo solitário Não teve outro vocabulário. Como se essa palavra escassa que ali disse Toda sua alma resumisse, Nenhuma outra proferiu, nenhuma. Não chegou a mecher uma só pluma, Até que eu murmurei: "Perdi outrora "Tantos amigos tão leais! "Perderei também este em regressando a aurora". E o corvo disse: "Nunca mais!" Estremeço. A resposta ouvida É tão exata! é tão cabida! "Certamente, digo eu, essa é toda a ciência "Que ele trouxe da convivência "De algum mestre infeliz e acabrunhado "Que o implacável destino há castigado "Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga, "Que dos seus cantos usuais "Só lhe ficou, na amarga e última cantiga, "Esse estribilho: "Nunca mais". Segunda vez nesse momento Sorriu-me o triste pensamento; Vou sentar-me defronte ao corvo magro e rudo; E, mergulhando no veludo Da poltrona que eu mesmo ali trouxera, Achar procuro a lúgubre quimera, A alma, o sentido, o pávido segredo Daquelas sílabas fatais, Entender o que quis dizer a ave do medo Grasnando a frase: "Nunca mais". Assim pôsto, devaneando, Meditando, conjeturando, | Não lhe falava mais; mas, se lhe não falava, Sentia o olhar que me abrasava. Conjeturando fui, tranqüilo, a gosto, Com a cabeça no macio encosto Onde os raios da Lâmpada caíam, Onde as tranças angelicais De outra cabeça outrora ali se desparziam E agora não se esparzem mais. Supus então que o ar, mais denso, Todo se enchia de um incenso, Obra de serafins que, pelo chão roçando Do quarto, estavam meneando Um ligeiro turíbulo invisível: E eu exclamei então: "Um Deus sensível "Manda repouso à dor que te devora "Destas saudades imortais. "Eia, esquece, eia, olvida essa extinta Lenora". E o corvo disse: "Nunca mais". "Profeta, ou o que quer que sejas! "Ave ou demônio que negrejas! "Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno "Onde reside o mal eterno, "Ou simplesmente náufrago escapado "Venhas do temporal que te há lançado "Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo "Tem os seus lares triunfais, "Dize-me: existe acaso um bálsamo no mundo?" E o corvo disse: "Nunca mais". "Profeta, ou o que quer que sejas! "Ave ou demônio que negrejas! "Profeta sempre, escuta, atende, escuta, atende! "Por esse céu que além se estende, "Pelo Deus que ambos adoramos, fala, "Dize a esta alma se é dado inda escutá-la "No Éden celeste a virgem que ela chora "Nestes retiros sepulcrais, "Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora!" E o corvo disse: "Nunca mais!" "Ave ou demônio que negrejas! "Profeta, ou o que quer que sejas! "Cessa, ai, cessa! (clamei, levantando-me) cessa! "Regressando ao temporal, regressa "À tua noite, deixa-me comigo... "Vai-te, não fique no meu casto abrigo "Pluma que lembre essa mentira tua. "Tira-me ao peito essas fatais "Garras que abrindo vão a minha dor já crua" E o corvo disse: "Nunca mais". E o corvo aí fica; ei-lo trepado No branco mármore lavrado Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho. Parece, ao ver-lhe o duro cenho, Um demônio sonhando. A luz caída Do lampião sobre a ave aborrecida No chão espraia a triste sombra; e fora Daquelas linhas funerais Que flutuam no chão, a minha alma que chora Não sai mais, nunca, nunca mais! |
Sepultura de Allan Poe.
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Ex-Libris Celia Costa Published @ 2014 by Ipietoon