segunda-feira, fevereiro 28

Marcadores Esquecidos

Nas minhas andanças pela net topei certa vez com um blog que adorei : o Forgotten Bookmarks.
O proprietário do blog trabalha em uma loja de livros raros e usados e costuma encontrar itens interessantes, desde cartas até fotos dentro dos livros.
Acompanho as postagens com assiduidade, adoro ver os tesouros que as pessoas costumam usar para marcar as páginas de um livro e que são esquecidos quando o livro é passado adiante.

E no meu caso, sou frequentadora do "sebinho" da Biblioteca Municipal aqui de minha cidade e também costumo encontrar "marcadores esquecidos". Inspirada pelo Forgotten Bookmarks, vou abrir uma seção aqui no blog com os marcadores esquecidos que eu achar.

Vou começar com um marcador que encontrei hoje, uma nota de 1000 cruzados ! O interessante que está com o carimbo de 1 cruzado novo,no inicio da reforma monetária que foi chamada de Plano Verão em 1989, foram utilizadas as antigas notas do plano Cruzado. O cruzado novo correspondia a mil cruzados, ou seja houve um corte de três zeros na data de 16 de janeiro de 1989.




Uma dica : no blog Forgotten Bookmarks de vez em quando tem sorteio de livros antigos,já perguntei e aceitam participação internacional. Por enquanto ainda não fui sorteada, mas não desisto.Andei perdendo oportunidades pois a promoção do sorteio é rápida, geralmente é anunciada no Facebook e no Twitter, tem que ficar de olho, risos !

E falando em livros usados, encontrei uma edição dos Lusíadas muito linda que volto depois para colocar aqui no blog.

Se você tem um jardim e uma biblioteca, você tem tudo que precisa.
Marcus Tullius Cicero


sexta-feira, fevereiro 25

Nosso cérebro é uma livraria



Uma das mais belas animações sobre o tema que já vi.Clique abaixo:




LIBRARY from singsfish on Vimeo.

domingo, fevereiro 13

Ler deveria ser proibido - Guiomar de Grammon

Li  esse texto na net hoje e gostei muito do tom irônico sobre o tema, já é antigo e tem até um video no You Tube, como foi que não vi antes ? :o)




LER DEVIA SER PROIBIDO - Guiomar de Grammon

A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido. 

Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.

Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?

Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.


Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.

Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular um curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.

Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.

O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?



É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova... Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.

Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.

Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.

Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos... A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.

Ler pode tornar o homem perigosamente humano.



Credits HERE
Fonte :
http://www.jefferson.blog.br/2008/05/ler-devia-ser-proibido-de-guiomar-de.html

 

Ex-Libris Celia Costa Published @ 2014 by Ipietoon